Dissertação de mestrado produz pipeline em preparação para o GAIA

06 de junho de 2016 | LIneA

Ainda esse ano, o satélite GAIA iniciará a liberação de dados astrométricos sobre cerca de 1 bilhão estrelas, distribuídas por todo o céu, com precisão sem precedentes. Isto significa um grande impulso para estudos do Sistema Solar através de ocultações estelares, uma técnica que permite uma determinação precisa de tamanhos/formas, a detecção e estudo de atmosferas bastante tênues, a investigação das vizinhanças imediatas do corpo, e até mesmo de aspectos gerais de sua topografia. No entanto, para prevermos ocultações estelares por objetos do Sistema Solar, como os Objetos Transnetunianos (TNOs), precisamos conhecer muito bem a posição de ambos.

A Rede de Ocultações de Transnetunianos ( Transneptunian Occultation Network), que liderou a pesquisa da descoberta dos anéis de Chariklo, vem observando sistematicamente ao longo dos últimos anos as regiões do céu por onde vagam TNOs a fim de atualizar suas órbitas e melhorar a medida da posição de estrelas que podem ser potencialmente ocultadas pelos TNOs.

Quando os dados do GAIA forem liberados, todas as imagens dessas regiões poderão ser reprocessadas para se obter uma estimativa ainda melhor da posição dos objetos observados. Com esse objetivo, o estudante de mestrado do Observatório Nacional, Carlos Arturo Basante Erazo, apresentou sua dissertação no dia 28 de Março de 2016 intitulada: “ASTROMETRIA E REFINAMENTO DE ÓRBITAS DE TRANSNETUNIANOS E CENTAUROS: CAMINHANDO PARA PROCEDIMENTOS AUTOMÁTICOS DE REDUÇÃO E ANÁLISE DE DADOS”. Sob a orientação de Júlio Camargo e Roberto Vieira Martins, Carlos compilou e indexou os dados obtidos nos últimos anos pela rede no Observatório do Pico dos Dias e desenvolveu um pipeline astrométrico usando o código PRAIA para reprocessar esses dados de forma fácil e rápida, preparando-se para quando os dados do GAIA forem liberados. Além disso, pela primeira vez foram processados, para fins astrométricos, dados do telescópio de 2,4 metros no Observatório Nacional da Tailândia que também colabora com a rede.

Esses dados, em conjunto com aqueles do DES e do GAIA, devem permitir muitas previsões acuradas de ocultações nos próximos anos. Esse novo pipeline será implementado no portal científico do LIneA, o que nos ajudará a desvendar mais sobre essa distante e fria população do Sistema Solar, bem como sobre sua própria história e evolução.

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Figura 1 – Carlos Basante em sua defesa de mestrado no auditório do Observatório Nacional.

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