No final de fevereiro, o projeto Apache Point Observatory Galactic Evolution Experiment (Experimento de Evolução Galáctica do Observatório Apache Point, APOGEE) conquistou a marca de 100.000 estrelas observadas. Pode parecer pouco para uma galáxia como a nossa, que tem mais de 100 bilhões de estrelas. Mas, levando-se em conta que o APOGEE obtém espectros de alta resolução, o que permite analisar em detalhe a composição química e obter medidas de velocidade para estas estrelas, o que exige que se conecte manualmente uma fibra óptica sobre um placa que contém um furo para cada estrela alvo, é um resultado formidável. O APOGEE é um dos 4 projetos do Sloan Digital Sky Survey III (SDSS-III) e consiste em observar estrelas situadas em regiões obscurecidas pela poeira do meio interestelar, em geral estrelas gigantes vermelhas localizadas principalmente no disco e bojo da Via Láctea. Os espectros são obtidos na faixa do infra-vermelho próximo do espectro eletromagnético, pois a poeira absorve principalmente a luz ultra-violeta e visível. A análise dos dados do APOGEE já resultou em publicações especializadas, as quais revelaram, em detalhe maior do que antes, a presença de variações espaciais na composição química das estrelas e sua relação com a cinemática. Dois desses artigos foram liderado pelo Brazilian Participation Group (BPG) do SDSS-III.
As estrelas da amostra APOGEE foram selecionadas a partir do trabalho do BPG, que envolveu simulações de apontamentos em distintas direções de uma “Via Láctea digital” usando software mantido pelo BPG denominado TRILEGAL. Uma animação mostrando a distribuição espacial das estrelas selecionadas, a partir de diferentes perspectivas, foi feita por colaboradores do BPG do Instituto de Astrofísica de Potsdam, Alemanha, e pode ser visualizado abaixo.
A previsão é de que um total de aproximadamente meio milhão de estrelas tenham dados espectrais em alta resolução ao final do APOGEE-2. O BPG está também se organizando, com apoio direto do LIneA e, possivelmente, aporte de recursos do MCT/ON, para poder continuar participando do SDSS, contribuindo para a análise em primeira mão dessa imensa e preciosa base de dados.


Imagens do espectrógrado do APOGEE. Em uma delas vê-se detalhes do instrumento durante sua montagem. Em outra, podemos ter uma ideia do tamanho do instrumento quando ele foi transportado para o sítio do telescópio.