Tapando buracos no céu

12 de junho de 2017 | LIneA

Levantamentos astronômicos que demandam períodos longos de observação (vários anos) sofrem com a dificuldade de obter dados com qualidade homogênea em grandes áreas do céu. Às vezes podemos até ser impedidos de coletar dados por algum período. O Dark Energy Survey, que inicia em breve sua quinta temporada de observações não está livre deste problema. Diversas causas podem afetar a continuidade das observações. Entre elas podemos mencionar condições atmosféricas adversas (El Niño, La Niña, tempestades de neve, céu encoberto) ou até mesmo problemas instrumentais.

O telescópio Blanco de 4 m do Cerro Tololo Inter-American Observatory tem nos últimos 4 anos observado a mesma região do céu em que é feito o levantamento DES. Isto permite combinar imagens reduzindo o ruído do céu e assim, detectar objetos mais fracos. Como o cronograma das observações é bastante apertado, no caso de algum impedimento de se observar alguma região, ficamos com um “buraco no céu”. Felizmente o levantamento DES tem um software sofisticado para “agendar” a região a ser observada em uma dada noite, o que ajuda a tarefa de “recapeamento” destes buracos.

Um exemplo de “buraco” no céu pode ser visto na Figura 1, que nos apresenta imagens de uma mesma região do céu resultante da combinação de imagens obtidas ao longo de várias épocas.

O LIneA e o INCT do e-Universo apoiam participantes brasileiros do levantamento DES. Além disso, um time de tecnologistas desenvolve aplicativos para auxiliar na análise científica. Uma destas ferramentas, é a que estamos usando para mostrar observações combinadas referentes a duas épocas que dados foram liberados para participantes da colaboração DES.

Figura 1 – Imagens de região do céu após a combinação de dados ao fim do primeiro ano de observações (à esquerda) e ao fim do terceiro ano (à direita). Com o passar do tempo é possível remover os “buracos” no céu. Estas imagens são o resultado da combinação de 3 dos 5 filtros observados pelo DES. Às vezes, alguma região não pode ser observada com algum(ns) filtro(s). Isto deixa como resultado o balanço de cores desequilibrado em partes da imagem, e acabam adquirindo tons mais esverdeados (neste exemplo). Para saber como estas imagens coloridas são construídas veja a notícia. Crédito da imagem: Dark Energy Survey.

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