A energia escura: ou vai ou racha

06 de dezembro de 2018 | LIneA

A reunião internacional da colaboração Dark Energy Survey (DES) está acontecendo pela segunda vez no Brasil, desta vez na Unicamp. Com a coordenação geral de Flávia Sobreira, o encontro reune cerca de 100 pessoas onde os resultados mais recentes e perspectivas para o futuro são apresentados.

DES estuda a Energia Escura através de 4 medidas diferentes: a distribuição de galáxias no universo, a distorção gravitacional na forma de galáxias, observações de supernovas (SN) de um tipo especial (tipo Ia) que permite medidas precisas de suas distâncias e a quantidade de aglomerados de galáxias de diferentes massas. Até 1 mês atrás, os resultados cosmológicos do DES usavam apenas as duas primeiras medidas. O grande destaque dessa reunião foi a apresentação dos primeiros resultados envolvendo SNIa, descritos em 9 trabalhos divulgados em novembro. Usando dados de 3 anos de observações, 207 novas supernovas do tipo Ia foram descobertas e seus redshifts foram medidos com precisão por outros experimentos.

A Figura 1 apresenta um diagrama do brilho das SNIa para diferentes redshfits, o que é equivalente a distância das mesmas. As diferentes linhas representam previsões para diferentes valores da quantidade de energia escura no universo. Essas observações foram combinadas com as medidas já realizadas resultando em fortes vínculos nos possíveis modelos de energia escura. Até o momento o modelo mais simples de energia escura, o da constante cosmológica e denominado LCDM, passa por todos os testes. No entanto, algumas pequenas inconsistências ainda persistem. Caso essas inconsistências aumentem com a análise de novos dados, o modelo pode ser falsificado. Como disse Scott Dodelson, coordenador científico do DES, 2019 pode ser o ano no qual LCDM pode rachar, o que seria uma revolução em nosso conhecimento acerca do universo.

Figura 1 – Diagrama de brilho das SNIa para diferentes redshifts. Crédito da imagem: Abbott et al. 2018.

Brasileiros participam desta colaboração através do consórcio DES-Brazil, que por sua vez é apoiado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do e-Universo (INCT do e-Universo) e pelo Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA). O LIneA é apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação, e Comunicações; Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; e Financiadora de Estudos e Projetos.

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