INCT do e-Universo e LIneA realizam planejamento estratégico

08 de abril de 2019 | LIneA

Nos dias 17 e 18 de janeiro, o LIneA e o INCT do e-Universo realizaram um evento no auditório do Observatório Nacional, para planejar as atividades para o período 2019-2022. Os membros do LIneA trabalharam nas diferentes áreas de atuação (ver Figura 1) e tiveram a oportunidade de debater suas necessidades e ideias para o futuro. Isto foi feito distribuindo os 35 participantes (Figura 2) em sete grupos, cada um representando uma das áreas de atividade. Para cada grupo um coordenador foi selecionado, e os membros foram escolhidos de forma a ter pessoas com diferentes perfis.

Figura 1 – Áreas de atuação do LIneA consideradas no planejamento estratégico. Créditos da imagem: Andréa Nunes.
Figura 2 – Foto do grupo que participou da reunião de planejamento estratégico. Créditos da imagem: Fernanda Massena.

No primeiro dia foi solicitado aos grupos que identificassem possíveis problemas, propusessem soluções, e sugerissem novas atividades e formas de trabalho para atingir os objetivos das respectivas áreas. Isto foi feito respondendo à perguntas pré-estabelecidas pela equipe de gestão e usando adesivos e cartolinas para agilizar a compilação dessas ideias (veja um exemplo na Figura 3). Após esta fase cada grupo apresentou sua compilação e propostas para todos os presentes, Isto foi seguido por um período de debate quando sugestões e novas propostas foram apresentadas.

Figura 3 – Compilação de propostas para cada área de atuação preparada pelos diferentes grupos de trabalho. Créditos da imagem: Fernanda Massena.

No segundo dia o objetivo foi o de transformar essas ideias em projetos concretos criando “fichas de projetos” descrevendo os objetivos, escopo, benefícios, prazos, prioridades, recursos e tecnologias envolvidas. Nesta etapa a prioridade foi atribuída de forma absoluta seguindo a convenção dada na Figura 4.

Figura 4 – Convenção utilizada para atribuir prioridade absoluta aos projetos. Créditos da imagem: Andréa Nunes.

Estas informações foram usadas para rever e validar os 50 projetos identificados e descritos em uma fase preparatória. Durante o evento foi levantada a necessidade de novos projetos, que ao final totalizaram mais de 80 fichas. Os projetos identificados cobrem um grande espectro de atividades como: P&D nas áreas de hardware e software; o desenvolvimento do portal científico para o eficiente processamento do grande volume de dados; o desenvolvimento de ferramentas e interfaces administrativas para aprimorar a gestão de projetos; treinamento de pessoal científico e técnico na ciência de dados e de professores de ensino médio visando atrair jovens para a área; melhorias na gestão das colaborações científicas incentivando trabalhos em conjunto; e programas de divulgação incluindo exposições e a criação de novas redes sociais para o LIneA para atrair alunos e engajar o grande público interessado no entendimento da origem do nosso Universo. A Figura 5 apresenta a distribuição dos 80 projetos desenvolvidos, pelas áreas de atuação definidas na Figura 1.

Figura 5 – Porcentagem de projetos por atividade do LIneA. Créditos da imagem: Cida Silveira.

Os 11 projetos identificados nas áreas de divulgação, colaboração científica e formação de pessoal são em geral projetos que não envolvem o time técnico e, portanto, não impactam na estimativa de recursos a ser considerada abaixo. Desta forma os 69 projetos restantes ficaram distribuídos como mostra a Figura 6.

Figura 6 – Distribuição de projetos pelas diferentes áreas de atuação que envolvem o time técnico. Créditos da imagem: Cida Silveira.

A distribuição das prioridades dos projetos nas áreas consideradas é apresentada nas Figuras 7 e 8. Como pode ser visto na Figura 7 a grande maioria dos projetos tem alta prioridade. Isto se deve a fase de transição em que se encontra o LIneA. Em primeiro lugar, um dos projetos de colaboração científica, o Dark Energy Survey (DES), finalizou recentemente suas observações e entra na reta final, o que demanda que os projetos envolvendo a análise científica com o uso do portal científico e de jupyter notebooks tenham total prioridade. Em segundo lugar, o laboratório se prepara para o grande desafio da demanda do projeto Large Synoptic Survey Telescope (LSST) o que exige decisões sobre o caminho a tomar no desenvolvimento da nova versão do portal científico e de definições sobre o equipamento a ser adquirido para dar sustentação a análise do grande volume de dados envolvidos. É importante lembrar que o calendário do LSST prevê observações em 2020 com a câmera de teste contendo 81 CCDs, e o período de comissionamento da câmera completa com os 189 CCDs (correspondendo a 3.2 gigapixels) a partir de 2021. Estar preparado para estas fases é fundamental para permitir que os pesquisadores brasileiros possam participar cientificamente já no início do levantamento, a exemplo das comunidades americanas, chilenas, francesas e reino unido entre outras.

Finalmente, tendo em vista a complexidade administrativa do INCT do e-Universo e do LIneA, e os recursos humanos disponíveis, várias ferramentas de apoio estão previstas para agilizar a preparação de relatórios e aprimorar a qualidade da gestão.

Figura 7 – Porcentagem de projetos com as diferentes prioridades absolutas atribuídas pelos grupos. Créditos da imagem: Cida Silveira.

A Figura 8 mostra a distribuição do número de projetos de cada área de atuação por prioridade. Fica claro as duas fases mencionadas acima que caracterizam a fase de transição entre projetos em estágio avançado como o DES e aqueles que ainda estão em fase de preparação como o Dark Energy Spectroscopic Instrument (DESI) e o LSST.

Figura 8 – Número de projetos com uma dada prioridade para cada área de atuação. Créditos da imagem: Cida Silveira.

Considerando apenas os prazos de projeto, sem avaliar a disponibilidade de recursos humanos nem a dependência entre projetos, foi construído um cronograma mostrado na Figura 9 que corresponde a um esforço de 8.055 dias (64.440 horas) para realização de todos os projetos.

Figura 9 – Cronograma de projetos agrupados pelas áreas de atuação do LIneA considerando 13 FTEs. Créditos da imagem: Andréa Nunes.

Transformando esse esforço em unidades de FTE-ano (Full Time Equivalent) e considerando que em um ano se trabalha em média 1711 horas, o esforço requer 37,66 FTEs-ano. Em outras palavras, são necessárias da ordem de 38 pessoas trabalhando em tempo integral para a realização dos projetos em um ano. Portanto, considerando que o time de TI do LIneA atualmente consiste de 13 FTEs, dos quais pelo menos 3 FTEs são dedicadas a operação e serviço ao usuário, o mínimo de tempo necessário para realizar este trabalho seria de aproximadamente quatro anos. A distribuição de FTEs por área de atuação é mostrada na Figura 10, mostrando que o grande esforço necessário se concentra no desenvolvimento de software.

Figura 10 – Quantidade de FTEs por área de atuação. Créditos da imagem: Cida Silveira.

A estimativa acima é aproximada, pois não leva em consideração inúmeros fatores que impactam a construção de um cronograma realista, entre eles: i) a de que um projeto se caracteriza por diferentes fases e envolve profissionais com diferentes perfis em proporções que variam no tempo; ii) o cronograma apresentado não leva em consideração a disponibilidade de tecnologistas com o perfil adequado que têem que ser compartilhados por diferentes projetos; iii) a dependência do time de TI em relação aos pesquisadores para um bom entendimento do que deve ser feito no desenho de uma interface ou para a paralelização de um código científico e sua integração ao portal; iv) o tempo gasto na manutenção após a disponibilização de um novo produto que é seguida de uma fase de validação, correção de erros e implementação de melhorias sugeridas pelos usuários.

A construção do cronograma final é complexa e é ainda um trabalho em progresso tendo em vista os inúmeros vínculos a serem levados em conta como: i) a prioridade relativa dos projetos; ii) as prioridades das colaborações científicas; iii) os compromissos assumidos para as contribuições na forma de trabalho; e finalmente; iv) as incertezas inerentes ao desenvolvimento de novos produtos.

As informações ainda estão sendo analisadas mas já é possível fazer alguns importantes diagnósticos. Por exemplo, fica claro que para atender a grande demanda do projeto LSST novas contratações são necessárias como: i) tecnologistas de perfis bem definidos (e.g., full-stack developers, programador científico); ii) pesquisadores interessados em fazer a interface entre ciência e computação trabalhando com o time de forma dedicada; e iii) de serviços de consultoria pontuais para assessorar na tomada de decisões como por exemplo sobre as tecnologias a serem usadas e na compra de equipamentos adequados que extrapolam o conhecimento do time e/ou precisam de opiniões de especialistas em HPC.

O resultado dessa experiência de planejamento foi bastante positivo servindo para: i) integrar ainda mais as equipes científicas e técnicas; ii) desenvolver um plano de trabalho; e iii) definir prioridades com a participação de todos os envolvidos. Ficou também claro que este deve ser um esforço que precisa ser revisitado periodicamente. Neste sentido uma nova reunião está programada para o segundo semestre do ano, para acompanhar o progresso e reavaliar o plano, adaptando-o caso necessário.

LIneA é um laboratório apoiado pelo Observatório Nacional (ON), Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), e pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), criado com a finalidade de dar suporte à participação brasileira em levantamentos astronômicos. O INCT do e-Universo também apoia brasileiros participantes de grandes levantamentos astronômicos, incluindo o LSST.

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