Evento raro de estrela ocultada por Europa, satélite de Júpiter, é estudado por brasileiro

08 de agosto de 2019 | LIneA
Figura 1: Bruno Morgado, doutorando do ONLIneA.

No dia 25 de julho a European Space Agency publicou uma notícia citando o artigo do doutorando Bruno Morgado (Figura 1), do Observatório Nacional e do LIneA, onde relata que dia 31 de março de 2017 a lua de Júpiter, Europa, passou em frente a uma estrela – um evento raro que foi capturado pela primeira vez por telescópios terrestres graças aos dados de posição super precisos fornecidos pela sonda Gaia da ESA (que opera no espaço desde o final de 2013). Esta missão espacial visa produzir um mapa tridimensional da nossa galáxia e caracterizar as inúmeras estrelas da Via Láctea. Até agora, a missão tem sido um sucesso, revelando os locais e movimentos de mais de um bilhão de estrelas.

As ocultações estelares são extremamente valiosas, pois permitem medições das características do corpo em primeiro plano (como tamanho, forma, posição e mais) usando sua “silhueta” e que seriam muito difíceis de se observar diretamente em objetos tão pequenos e distantes. As ocultações podem revelar estruturas como anéis, jatos e atmosferas. Tais medições podem ser feitas a partir do solo – algo que Bruno Morgado, do Observatório Nacional (ON) e do LIneA, e seus colaboradores exploraram.

“Usamos dados do primeiro release da sonda Gaia para prever que, do nosso ponto de vista na América do Sul, a lua Europa passaria diante de uma estrela brilhante em Março de 2017 – e para prever a melhor localização a partir da qual observar essa ocultação”, disse Bruno, pesquisador líder de um novo artigo relatando a observação da ocultação de 2017.

Os dados mostraram que o evento seria visível a partir de uma faixa espessa cortando de noroeste a sudeste toda a América do Sul. Três observatórios localizados no Brasil e no Chile conseguiram capturar imagens da ocultação (o plano original era observar de um total de oito locais, mas muitos passaram por condições climáticas desfavoráveis).

“É provável que possamos observar mais ocultações como essa pelas luas de Júpiter em 2019 e 2020”, acrescenta Bruno (Figura 2). “Júpiter está passando por uma região do céu que tem o centro galáctico como plano de fundo. A densidade de estrelas no centro da nossa galáxia é bem alta, tornando mais provável que essas luas passem na frente de estrelas brilhantes. Isso realmente nos ajudaria a definir melhor suas formas tridimensionais e suas posições – não apenas para as quatro maiores luas de Júpiter [Io, Europa, Ganimedes e Calisto] mas também para as luas menores e irregulares.”

Figura 2: Futuras ocultações estelares das quatro maiores luas de Júpiter: Io, Europa, Ganimedes e Calisto. Créditos da imagem: European Space Agency.

Usando o segundo release de dados de Gaia, fornecido em abril de 2018, os cientistas preveem as datas de futuras ocultações de estrelas brilhantes de Io, Europa, Ganímedes e Calisto nos próximos anos, e listam um total de 10 eventos até 2019 e 2021. Eventos futuros incluem ocultações estelares pelas luas Europa (22 de junho de 2020), Calisto (20 de junho de 2020, 4 de maio de 2021), Io (9 e 21 de setembro de 2019, 2 de abril de 2021) e Ganimedes (25 de abril de 2021).

O doutorando Bruno Morgado é bolsista CAPES e participante do Transneptunian Occultation Network (TON), que é apoiado também pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do e-Universo ( INCT do e-Universo). O LIneA é um laboratório apoiado pelo Observatório Nacional (ON), Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), e pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), criado com a finalidade de dar suporte à participação brasileira em levantamentos astronômicos. O INCT do e-Universo também apoia brasileiros participantes de grandes levantamentos astronômicos, incluindo o próprio LSST.

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