Afiliado ao INCT do e-Universo participará de reunião sobre o LSST na Califórnia

30 de setembro de 2019 | LIneA

Se por um lado alguns astrônomos lidam diariamente com grandes bases de dados e desenvolvem soluções inteligentes para extrair o que há de mais interessante nos mesmos, por outro lado correm o risco de não acompanhar os passos largos que virão na era LSST. O LSST, acrônimo para Large Synoptic Survey Telescope, é um projeto que envolve diversas instituições – com o LIneA representando o Brasil – e promete revelar o universo em uma profundidade sem precedentes. Isso significa dizer também que o volume de medidas tomadas como imagens do céu também será sem precedentes. Serão 30 mil graus quadrados do céu observados a cada quatro noites. Se pensarmos a longo prazo, teremos um filme do céu que revelará explosões estelares, galáxias distantes, novos asteróides entre outras coisas interessantes.

Tanta informação exige sistemas automáticos que sejam capazes de nos fornecer uma pré-seleção de potenciais objetos interessantes, pois milhões de eventos, chamados transientes (variações súbitas no brilho ou na posição de objetos), ocorrem todas as noites. O LIneA em conjunto com outros laboratórios e instituições distribuídas pelo globo vem desenvolvendo soluções para gerenciar a avalanche de dados, prover análises e disponibilizar soluções para levantamentos como o Dark Energy Survey – DES e o Sloan Digital Sky Survey – SDSS.

Embora a maioria destas ferramentas tradicionalmente esteja voltada ao estudo galáctico e extragaláctico, medidas do DES permitiram desenvolver estudos sobre objetos do Sistema Solar. Todo um portal de análise de dados foi desenvolvido para prover a predição de ocultações estelares. Essa plataforma está evoluindo para processar parte dos 10 milhões de alertas de transientes que serão produzidos todas as noites pelo LSST. Devido a esta iniciativa, de utilizar todo o ferramental e de integrar o que já sabemos fazer com o que haverá de mais novo, que o pesquisador pós-doc Rodrigo Boufleur conquistou uma vaga para participar do TOM Toolkit Workshop, uma oficina de introdução às principais tecnologias que impulsionarão a astronomia na era LSST utilizando medidas como a do Zwicky Transient Facility – ZTF.

O sistema TOM Toolkit oferece aos usuários uma maneira de exibir e interagir com seus dados por meio de um navegador ou interface de usuário. Esses sistemas estão evoluindo rapidamente e se tornando mais eficazes e serão capazes de enviar solicitações de observações para sítios observacionais coletarem medidas adicionais. Quando acoplados aos softwares desenvolvidos, por exemplo, pela equipe do LIneA, esses sistemas serão capazes de conduzir estratégias, e também programas, de acompanhamento totalmente automatizados, incluindo uma resposta rápida a novos alertas.

Figura 1.: Levantamento ZTF: região do céu observada. Crédito da imagem: Divulgação de dados públicos do levantamento (https://www.ztf.caltech.edu/news/public-data-release-1).

Além de ser contemplado com os recursos necessários à participação no evento, o pesquisador concorrerá na qualidade de Investigador Principal a 1000 horas de observação na rede de telescópios do Las Cumbres Observatory, 50 horas observacionais nos telescópios Gemini (Norte e Sul) e 50 horas observacionais no telescópio SOAR. O pedido de tempo, que tem como propósito testar as soluções integradas desenvolvidas por cientistas e programadores no período 2019/2020, também oferece a possibilidade de financiar até 45 mil dólares (aproximadamente 190 mil reais) para a pesquisa proposta para ser desenvolvida.

Figura 2.: Rodrigo Boufleur, pesquisador selecionado para comparecer ao _TOM Toolkit Workshop.

O evento ocorrerá na semana do dia 30 de setembro a 04 de outubro nas instalações do Carnegie Observatories, em Pasadena, Califórnia (EUA).

LIneA e o INCT do e-Universo tem como missão apoiar a participação de pesquisadores associados a instituições brasileiras em grandes levantamentos astronômicos, como os projetos Dark Energy Survey ( DES), Sloan Digital Sky Survey ( SDSS), Dark Energy Spectroscopic Instrument ( DESI), e o LargeSynoptic Survey Telescope ( LSST). O LIneA, criado em 2010, é um laboratório apoiado pelo Observatório Nacional ( ON), pelo Laboratório Nacional de Computação Científica ( LNCC) e pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa ( RNP). As atividades do LIneA vem sendo apoiadas ao longo dos anos pelo MCTIC, FINEP, FAPERJ, FAPERGS e a FAPESP. O programa INCT tem o apoio do CNPq, CAPES, e FAPERJ.

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