O Survey MaNGA observou mais de 10 mil galáxias próximas a Via-Láctea e todo esse material foi capturado através de um instrumento formado por feixes contendo até 127 fibras, chamado de unidade de campo integral (Integral Field Units – IFU). Cada uma destas fibras, que estão presas a uma placa, coletam a luz de uma parte diferente da galáxia (imagem 1, esquerda) e a envia para a entrada do espectrógrafo, representada pela caixa pontilhada (imagem 1, direita).
Imagem 1, esquerda: Galáxia espiral mostrando círculos para as fibras IFU individuais (fonte)
Imagem 1, direita: Esquema de funcionamento do IFU (fonte)
No recente artigo “Mapping the stellar population and gas excitation of MaNGA galaxies with MEGACUBES. Results for AGN versus control sample”, é apresentada uma análise dos mais de 10 mil cubos de dados presentes no MaNGA – o que representa a análise de 40 milhões de espectros ou cerca de 140 bilhões de dados individuais (data-points). Esse esforço foi liderado por Rogério Riffel (UFRGS), junto com a participação de membros do Brazilian Participation Group (BPG) e da equipe de TI do LIneA, que tornaram disponíveis todos os resultados para a comunidade através da plataforma científica: https://manga.linea.org.br/ (imagem 2).
Imagem 2: Exemplo de utilização da plataforma MaNGA
No trabalho, os autores demonstram o potencial científico que este tipo de dado tem ao fazer uma análise das populações estelares em galáxias de núcleo ativo, chamados de AGNs. Os AGNs são galáxias que possuem um buraco negro supermassivo em seu centro acretando matéria e emitindo energia.
Imagem 3: Representação de um AGN
Um dos principais resultados do artigo revela que as AGNs possuem um excesso de população de idade intermediária, e que a perda de massa dessas estrelas alimenta o núcleo ativo, tornando-o mais “poderoso” (imagem 4).
Imagem 4: Resultados obtidos para os AGNs
Outro resultado importante encontrado diz respeito a classificação de galáxias com linhas de emissão. Esta deve ser baseada em diagramas de diagnóstico que consideram, além das razões de fluxos de linhas de emissão (Hβ, [O III]λ5007, Hα e [N II]λ6583), também a largura equivalente – representado por Hα. Os diagramas de diagnóstico espacialmente resolvidos revelam que a emissão do AGN está concentrada na região interna de raio efetivo (Re) – raio que concentra a metade de luz da galáxia. Isso mostra que a classificação do AGN depende da região utilizada e que as razões das linhas de emissão devem ser consideradas em conjunto com a largura equivalente de Hα para uma classificação adequada da atividade. É apresentado, na imagem 5, um diagrama composto que proporciona um mapeamento mais abrangente da excitação do gás.
Imagem 5: Plots para linhas de emissão e largura equivalente.
Agradecemos ao Prof. Dr. Rogério Riffel e colaboradores pelas informações para construção do texto e parabenizamos os mesmos pelo trabalho.
O LIneA é um instituto de ciência e tecnologia privado cuja missão é viabilizar a participação de pesquisadores e estudantes em colaborações internacionais, apoiar centros emergentes, fornecer acesso a acervos de dados astronômicos e a uma infraestrutura de processamento intensivo de dados, e desenvolver soluções para problemas de big data nas áreas de astronomia e cosmologia. Atualmente as atividades do LIneA são apoiadas pela FINEP e pelo INCT do e-Universo.
