SDSS-III oferece novas pistas sobre matéria e energia escuras

08 de agosto de 2012 | LIneA

O Sloan Digital Sky Survey III (SDSS-III) está divulgando o maior mapa tridimensional já feito de galáxias massivas e buracos negros distantes. Isso vai ajudar os astrônomos a explicar os mistérios da matéria e da energia escuras, que correspondem a cerca de 96% do que existe no universo. A imagem faz parte do Data Release 9 que concentra o primeiro terço de dados previsto para ser divulgado até 2014.

A participação do Brasil no projeto é coordenada pelo Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA), sob a direção do astrofísico do Observatório Nacional (ON) Luiz Nicolaci da Costa. “É importante destacar que estamos participando ativamente de um projeto que será fundamental para toda a astronomia que virá depois dele”, afirma Nicolaci, que é PhD em física pela Universidade de Harvard (1979) e passou a maior parte de sua carreira trabalhando em instituições como o Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics e o European Southern Observatory.

O DR9 é o mais recente de uma série de divulgação de dados que começou em 2001. Ele inclui novos dados da Baryon Oscillation Spectroscopic Survey (BOSS), que vai medir a posição de 1,5 milhão de galáxias massivas nos últimos 7 bilhões de anos em tempo cósmico, bem como de 160 mil quasares — buracos negros gigantes ativamente se alimentando de estrelas e gás – distantes até 12 bilhões de anos.

O BOSS está observando essas galáxias grandes e brilhantes porque elas vivem no mesmo lugar que outras galáxias e são fáceis de detectar, mesmo as distantes. Mapear essas galáxias, portanto, é um meio efetivo de mapear o resto das galáxias do universo.

Com um mapa desses, os cientistas podem montar a história do universo nos últimos 7 bilhões de anos. Com essa história, é possível ter melhores estimativas de quanto do universo é feito de matéria escura — que não pode ser diretamente vista por não emitir ou absorver luz – e energia escura – força misteriosa responsável pela aceleração da expansão do universo.

O mapa do universo é a peça central do DR9, que inclui imagens de 200 milhões de galáxias e espectros de 1,35 milhão, dentre as quais 540 mil da época em que o universo tinha a metade da idade que tem hoje.

E os avanços científicos não se restringem ao universo distante. O projeto também permitirá um conhecimento muito maior sobre a Via Láctea. Tudo na base da colaboração. Isso porque qualquer pessoa pode acessar os dados pela internet, com ferramentas de busca que os astrônomos profissionais usam, para produzir ciência. Isso é a chamada ciência colaborativa, que permite que qualquer um faça a próxima grande descoberta.

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