Rede de Ocultação Sul-Americana é pré-aprovada em consulta à Fundação John Templeton

20 de fevereiro de 2020 | LIneA

Estamos na iminência de iniciar o maior levantamento fotométrico de estrelas e galáxias já feito na história da humanidade – o LSST (Legacy Survey of Space and Time). Ele também detectará um grande número de objetos do Sistema Solar, cerca de 40 mil TNOs (objetos Transnetunianos) e mais de 5 milhões de asteroides dentro do cinturão principal, além de NEOs (objetos próximos da Terra) e outros pequenos corpos do Sistema Solar.

Das várias perguntas que existem relacionadas à história e evolução do Sistema Solar, uma parcela delas pode ser abordada fazendo-se o estudo por meio de ocultações estelares. A estratégia operacional desse levantamento irá gerar um grande número de medidas astrométricas para pequenos corpos do Sistema Solar. Isso ajudará a otimizar rapidamente os parâmetros de suas órbitas, aumentando substancialmente o número de eventos de ocultação estelar, fornecendo previsões precisas desses eventos para TNOs e outros outros corpos.

LIneA por meio do Grupo do Rio, um grupo de pesquisa que estuda o Sistema Solar em diferentes frentes e que é referência internacional quando o assunto é ocultação estelar de TNOs, propôs recentemente a construção de uma rede de telescópios para estudar os tamanhos e formas desses objetos. Trata-se de um conjunto de 50 pequenos telescópios (classe 0,4 m) distribuídos pelo território brasileiro cobrindo quase 4.000 quilômetros de extensão, com potencial futura expansão dentro da América do Sul. O projeto ROSA – Rede de Ocultação Sul-Americana, como passou a ser conhecido, foi projetado e está sendo desenvolvido para operar de modo robótico a fim de otimizar sua operação e estender o seu alcance tanto para a comunidade astronômica quanto para facilitar um de seus outros principais objetivos, o desenvolvimento e acesso ao conhecimento por meio da prática de ciência cidadã. Para isso, o projeto buscará fazer parcerias com escolas onde as condições permitam a instalação dos sítios observacionais e, em contrapartida, oferecerá apoio intelectual, técnico e científico para estimular jovens dentro da ciência.

Figura 1: Distribuição dos sítios observacionais que compões o projeto ROSA. A localização de cada observatório ainda está sob debate uma vez que depende da viabilidade das condições meteorológicas que ainda estão sob estudo. A configuração apresentada apenas ilustra a disposição Norte-Sul fundamental do projeto. Os triângulos em azul representam a primeira fase, ou fase piloto da rede operando com 10 telescópios. Em triângulos pretos estão representados os demais 40 telescópios que compõe o projeto.Figura 1: Distribuição dos sítios observacionais que compões o projeto ROSA. A localização de cada observatório ainda está sob debate uma vez que depende da viabilidade das condições meteorológicas que ainda estão sob estudo. A configuração apresentada apenas ilustra a disposição Norte-Sul fundamental do projeto. Os triângulos em azul representam a primeira fase, ou fase piloto da rede operando com 10 telescópios. Em triângulos pretos estão representados os demais 40 telescópios que compõe o projeto.

A convite da LSSTC (LSST Corporation), empresa que administra a construção do projeto LSST, o LIneA submeteu sua proposta a um edital de financiamento da Fundação John Templeton, a fim de obter fundos para concretizar a primeira fase do projeto que tem como meta o desenvolvimento do telescópio protótipo e a instalação dos primeiros 10 sítios observacionais até 2023. Como resposta, somente dois projetos foram aprovados para a próxima fase, com destaque para o projeto ROSA. Em razão disso uma proposta completa foi submetida à fundação no mês de janeiro deste ano, com o apoio formal de mais de 10 instituições e cientistas brasileiros e estrangeiros, formando uma grande aliança para a concretização dessa iniciativa.

Além do serviço de ocultação estelar, a rede servirá como um apoio ao estudo de fenômenos transientes alertados pelo LSST e também poderá ser utilizado para outros estudos de base fotométrica, como a busca de exoplanetas, estudos de variabilidade em asteroides e estrelas. Um dos elementos críticos da rede é a integração entre a ciência e o público em geral, tendo as escolas como local de acolhimento. O objetivo é interagir com essas comunidades locais e seus estudantes oferecendo assistência, incentivos e assessoria a diversas atividades de divulgação de ciência. A disponibilização de tempo de telescópio pode ser utilizada para ajudar as universidades na formação de futuros professores. Além disso, um espaço online para compartilhar experiências e atividades desenvolvidas com base nos objetivos da rede é destinado como parte da assistência fornecida no desenvolvimento de atividades multidisciplinares, especialmente aquelas que utilizam tecnologia de programação como o Jupyter Notebook.

LIneA e o INCT do e-Universo tem como missão apoiar a participação de pesquisadores associados a instituições brasileiras em grandes levantamentos astronômicos como o Dark Energy Survey (DES), Sloan Digital Sky Survey (SDSS), Dark Energy Spectroscopic Instrument (DESI), e o Legacy Survey of Space and Time (LSST). O LIneA, criado em 2010, é apoiado pelo Observatório Nacional (ON), pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Em janeiro de 2020 o LIneA transformou-se em uma associação, para dar continuidade a missão de atuar como um instituto de ciência e tecnologia para viabilizar a participação de pesquisadores envolvidos em grandes colaborações internacionais; apoiar centros emergentes, fornecendo uma infraestrutura computacional; acesso a um acervo de dados astronômicos; e desenvolver soluções para problemas de big data nas áreas de astronomia e cosmologia. As atividades do LIneA vem sendo apoiadas ao longo dos anos pelo MCTIC, FINEP, FAPERJ, FAPERGS e a FAPESP. O programa INCT tem o apoio do CNPq, CAPES, e FAPERJ.

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