Software desenvolvido pelo LIneA avaliará em tempo real dados adquiridos pelo telescópio Mayall

13 de novembro de 2017 | LIneA

Já imaginou uma interface de controle de qualidade capaz de processar e avaliar até 15 mil espectros por vez para cinco mil galáxias, quasares e estrelas capturados pela exposição de espectrógrafos de um telescópio em tempo real? Essa ferramenta é a Quick Look Framework (QLF), desenvolvida pelo Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA) com o apoio do INCT do e-Universo, e essa é apenas uma das suas muitas atribuições. Esse software, capaz de processar uma quantidade imensa de dados – da ordem milhões de gigabytes, será uma ferramenta importante para as observações e operação do levantamento internacional Dark Energy Spectroscopic Instrument (DESI), dedicado a observações espectroscópicas de dezenas de milhões de objetos. As observações serão feitas a partir de 2019 durante cinco anos, com o telescópio Mayall, que tem um espelho de quatro metros e está no Kitt Peak National Observatory, em Arizona, nos EUA. O DESI vai observar cerca de 30 milhões de galáxias usando a técnica de espectroscopia, a qual permite medir suas distâncias de forma extremamente precisa, para que cientistas possam desvendar e entender melhor a energia escura, o misterioso elemento responsável pela expansão acelerada do universo.

Nos dias 18 a 20 de outubro, o astrofísico Ricardo Ogando, responsável pela parte científica do software, e o cientista da computação Riccardo Campisano, um dos desenvolvedores da ferramenta, ambos afiliados ao LIneA, foram a The Ohio State University (OSU) em Columbus, EUA, para apresentar aos coordenadores do DESI uma demonstração dos últimos desenvolvimentos implementados na QLF (Figura 1). Estiveram presentes na reunião o coordenador de planejamento do DESI, Kyle Dawson; o coordenador do sistema de controle do instrumento, Klaus Honscheid; e o coordenador do sistema Quick Look, Robert Kehoe.

De acordo com Campisano, uma das modificações feitas na QLF foram melhorias na interface do software, para que se torne mais intuitivo e fácil de ser operado, o que representa um grande desafio, dado o imenso volume de informações gerados por dia. “Resumir a informação associada a tantos espectros de uma vez só e de modo inteligível para observadores acompanhando o desempenho do instrumento é realmente desafiador”, explica Ogando.

No final da reunião, também foram discutidos os planos para os próximos meses. Em dezembro desse ano ocorrerá uma grande revisão do DESI e em maio de 2018, uma missão simulada de observação será realizada, de modo a testar a capacidade de integração de todas as componentes do QLF na aquisição de dados do DESI. O software tem a coordenação do astrofísico Luiz Nicolaci da Costa e a contribuição de outros tecnologistas e pesquisadores do LIneA, tais como Cristiano Singulani, Felipe Machado, Felipe Oliveira e Aurelio Carnero, além do cientista de dados Angelo Fausti Neto, que atualmente também trabalha no projeto do Large Synoptic Survey Telescope (LSST).

Já existe uma ferramenta desenvolvida pela equipe do LIneA em operação no telescópio Blanco, do levantamento internacional Dark Energy Survey (DES), a Quick Reduce, usada para avaliar a qualidade das imagens captadas. “Essa expertise adquirida com o projeto DES também está sendo aplicada ao DESI. A participação consistente em grandes experimentos internacionais, como o DES e o DESI, é fundamental para a competitividade da astronomia brasileira”, afirma Ogando.

Figura 1 – Integrantes do LIneA e DESI se reúnem no prédio do Departamento de Física da The Ohio State University (OSU) em Columbus, Ohio, EUA. Na foto, vemos da esquerda pra direita: Ann Elliott (OSU), Angelo Fausti Neto (LSST), Riccardo Campisano (LIneA), Ricardo Ogando (ON), Robert Kehoe (Southern Methodist University, SMU), Klaus Honscheid (OSU), e Kyle Dawson (Utah University). Participaram também os cientistas Ashley Ross (OSU) e Sarah Eftekharzadeh (SMU). Crédito da imagem: Ricardo Ogando.

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