Reunião do grupo de trabalho sobre energia escura do projeto LSST

01 de março de 2018 | LIneA

Large Synoptic Survey Telescope ( LSST), um projeto internacional planejado para mapear o Universo, está com seu observatório em plena construção. O telescópio, com um espelho de 8 metros de diâmetro, será instalado no Cerrro Pachon, dentro do complexo do Cerro Tololo Inter-American Observatory (CTIO), próximo a cidade de La Serena, no Chile. Esse mesmo complexo abriga o telescópio Blanco que obtém dados para o Dark Energy Survey (DES), outro projeto que está terminando a coleta de dados para estudos cosmológicos, após 5 anos de atividade.

O Laboratório Interinstiucional de e-Astronomia (LIneA) possui afiliados participando de ambos os projetos, que são apoiados pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do e-Universo (INCT). O Brasil entrou oficialmente no LSST em 2017, após uma negociação que resultou em 10 posições de Investigadores Principais (IP), cada qual com a possibilidade de indicar mais 4 colaboradores (estudantes e/ou pós-doutorandos), e a formação do Brazilian Participation Group ( BPG). Após um edital nacional, 5 IPs foram selecionados por um comitê. Uma segunda chamada será anunciada em breve.

A parte científica do LSST está dividida em grupos de colaboração científica, dentre elas uma denominada Dark Energy Science Collaboration (DESC) dedicada ao estudo da chamada Energia Escura, a componente responsável por cerca de 70% do Universo atual e que causa sua expansão acelerada. A descoberta da expansão acelerada do Universo em 1998 foi uma grande surpresa para os cientistas e foi reconhecida com o prêmio Nobel em 2013.

Entre os dias 4 e 9 de fevereiro houve uma reunião do DESC que ocorreu em Palo Alto, no vale do silício californiano, com a presença de mais de 180 participantes (Figura 1). A reunião foi sediada no laboratório nacional estadunidense SLAC (Stanford Linear Accelerator Center), próximo à Universidade de Stanford. O SLAC hospeda o Kavli Institute for Astroparticle Physics (KIAP), que é o responsável pela montagem da maior câmara digital já construída, de 1,3 bilhões de pixels, que será o coração do LSST. Uma visita ao local onde a montagem está ocorrendo foi realizada durante a reunião Na Figura 2 pode ser visto o flange da câmera dentro da “sala limpa” (clean room) onde a câmera está sendo montada e os detetores testados. Com o apoio parcial do INCT do e-UNiverso, dois afiliados ao LIneA participaram presencialmente da reunião: Luiz Nicolaci da Costa e Rogerio Rosenfeld. Outros membros participaram remotamente pois a reunião foi transmitida pela internet.

O DESC possui 7 grupos de trabalho focados em diferentes aspectos científicos: estrutura em grande escala do Universo (com a sigla LSS), lenteamento gravitacional fraco (WL), lenteamento gravitacional forte, supernovas, aglomerados de galáxias, teoria e provas conjuntas e redshifts fotométricos. As atividades desses grupos ainda estão em uma fase inicial, com amplas oportunidades para a participação dos novos membros. Em particular, como ainda não há dados, o LSST possui um grupo preparando sofisticados dados simulados computacionalmente formando os chamados Data Chalenges. A segunda geração dessas simulações, denominada DC2, está em fase final de preparação e deverá ser disponibilizada pelo Portal Científico desenvolvido pelo LIneA. O DC2 será usado para testar os métodos desenvolvidos pelos diversos grupos do DESC para estudar a energia escura. Um grupo do DESC desenvolveu uma ferramenta computacional a ser usada por toda a colaboração, chamada Cosmological Core Library, que contem uma uniformização de diversos códigos computacionais que calculam funções cosmológicas. Testes teóricos com a validação de pipelines computacionais, como um projeto denominado 2-point loop, também foram discutidos na reunião. Há uma gama de projetos interessantes – planejamos nos engajar em vários deles.

O LIneA está participando da organização do South American Workshop on Cosmology in the LSST Era, que será realizado em dezembro de 2018 no ICTP South American Institute for Fundamental Research sediado no Instituto de Física Teórica da UNESP, em São Paulo. Vários membros de destaque do LSST já aceitaram participar e, em breve, faremos um anúncio geral desse workshop.

Figura 1 – Vista panorâmica do auditório do instituto Kavli no SLAC onde ocorreram as reuniões plenárias do encontro com mais de 180 participantes, a sua maioria estudas e pós-doutorandos. (Crédito da iamgem: LIneA)

Figura 2 – A “sala limpa” onde a câmera do LSST está sendo montada e os detectores testados. (Crédito da imagem: LIneA)

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